Nueva York... / Verónica Fraga
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"Nueva York, ciudad de cristal"
Verónica Fraga
Río de Janeiro, Brasil
veronicavfraga@yahoo.com.brhttp://veronicafraga.blogspot.com Volver NOVA YORK cidade de vidro
Verônica Fraga
Na última vez que estive Nova York, decidi registrar em imagens o que já havia observado: as paredes térreas do espaço urbano em Manhattan estavam se tornando cada vez mais envidraçadas. Os produtos estavam mais atraentes quando vistos no contexto fictício interno de suas lojas. Certamente para despertar o desejo contínuo de consumir.
Lá, o vidro, não só o das vitrines, desempenha um papel urbano relevante ao oferecer uma visibilidade maior desses ambientes. Isso provoca nos transeuntes uma certa ilusão de pertencer ao mesmo lugar luxuoso e bem decorado dos manequins. As paredes de vidro desse espaço, paralelo ao dos passantes, também tomaram conta dos belíssimos restaurantes, dos bancos e dos grandes escritórios.
No entanto, a sensação que tive não foi a de ver mais nítida a realidade, mas a de uma transparência turva. As paredes de vidro junto à velocidade nas ruas e o entrelaçamento de tribos e etnias geram uma profusão de reflexos, num movimento incessante, entre pessoas e coisas, e uma multiplicação de imagens que faz surgir novos significados a cada segundo. A cidade “se vê através se suas vidraças”, como observou o jornalista Mário Marques, de uma forma narcisista. Isso não ocorre apenas na cidade horizontal. As fachadas dos arranha-céus, também de vidro ou de espelho, se refletem mutuamente.
A troca de significados resultante dessa interação é tão intensa que eles acabam se misturando, se confundindo ou se anulando, fazendo com que se perca o discernimento entre o real e o não real e causando uma aparente perda de identidade. E, por fim, uma distorção visual em que os manequins são humanizados e as pessoas parecem robotizadas, correndo contra o tempo, controladas pelos relógios, conversando com seus celulares, em busca de algo que nem elas mesmas parecem saber.
Verônica Fraga
El límite de la fotografía es nuestro propio límite